domingo, 13 de março de 2011

Para viver o amor, é preciso enxergar além do visível...


:: Rosana Braga ::


Se alguém me perguntasse qual é a única certeza que podemos ter em relação ao amor, eu responderia que é o fato de que ele sempre nos traz problemas...
Num primeiro momento, isso parece mesmo terrível. Parece um motivo bem razoável para que desistamos de investir na possibilidade de vivê-lo...

No entanto, cada dia mais, descubro que é exatamente nesta certeza que reside todo mistério e toda a razão para que insistamos, para que persistamos e jamais desistamos. Costumo pensar na relação de amor como num ser vivo, como numa pessoa, como num processo muito parecido com o de nossa vida.

Quando nasce, um bebê é puro, cheio de alegria, expectativas, curiosidades e esperanças. Tudo ao seu redor é belo e parece que não há nada que possa fazer dar errado. Na medida em que vai crescendo, algumas pequenas frustrações começam a surgir, mas nada que um bom atrativo não o faça voltar à euforia de antes.

O tempo passa e chega a adolescência. Assim também acontece no amor. Uma época de revolta, inconformidade, como se o mundo (a relação) fosse incompatível com tantas dúvidas, tantos medos e tantas inseguranças. Dá vontade de fugir, de desistir, de voltar a ser como antes, sem tanta confusão e sem essa sensação de não pertencer...

Mas essa turbulência passa. Deixa suas marcas, é verdade! Mas passa, porque crescemos, ganhamos em maturidade, responsabilidade e habilidade para solucionar algumas questões que agora, quando adultos, nos parecem até banais. Reconhecemos que estamos mais preparados para as adversidades e para as frustrações. Somos, enfim, gente grande.

Mas, ainda assim, a vida nos reserva muitas situações ameaçadoras, desagradáveis e pesadas. Ainda teremos muitas perdas, muitas quedas e muitos obstáculos para superar. E, felizmente, a vida tem seu mérito, tantas recompensas que somos capazes de atitudes que nem imaginamos para preservá-la, para fazê-la dar certo!

O amor trilha o mesmo caminho, passa pelo mesmo processo, embora muitas pessoas se recusem a crescer. Ou seja, muitas pessoas não se permitem experimentar todo o caminho, porque ele é muito doloroso, porque quanto mais investimos num relacionamento e quanto mais profundo ele fica, mais difícil se torna lidar com as diferenças, as imperfeições e as dores que surgem.

Estamos num tempo em que desistir de um amor é muito fácil. Fugir dele tem causado muita tristeza e problemas para as pessoas, mas continua sendo a opção mais escolhida. É mais fácil, exige menos e nos dá a sensação de que podemos tentar de novo, recomeçar. Talvez possamos mesmo! E talvez essa seja a melhor opção em casos extremos e sem saída. Mas, na maioria das vezes, é possível continuar, é possível fazer dar certo, porque é exatamente nesta possibilidade que está todo o mérito, toda a razão, toda a satisfação.

Só há uma maneira de conseguirmos superar essa força que nos impulsiona para a desistência, para a fuga e a decisão de não mais acreditar na chance de viver um grande amor, apesar de toda a dor: precisamos enxergar além do visível, ouvir além das palavras, sentir além do toque. Precisamos ouvir a nós mesmos, uma voz que vem lá do fundo, mas que insistimos em encobri-la com nossos pensamentos e imaginações, que deturpam e distorcem a realidade...

Sugiro que você fale. Mas sugiro, acima de tudo, que você ouça! Sugiro que você perceba, mas acima de tudo, que sinta. Sugiro que você esteja atento aos seus limites e se respeite e não permita que o outro lhe faça mal... Mas insisto que, antes de mais nada e sempre, você se lembre que também erra, que também tem medo e, por isso, também ataca, também se defende e, com certeza, de alguma forma, por mais que não seja a sua intenção, também magoa, fere e ofende o outro.

Então, comece enxergando você, aceitando e acolhendo os seus medos, os seus defeitos e as suas armas... Talvez assim, possa compreender a pessoa amada, compreender os ataques, as ofensas e os medos do outro. Talvez assim, você possa simplesmente parar seus pensamentos e sentir... ouvir... tocar... enxergar além... e perceber detalhes que só o coração consegue...

Medo


Esse medo vem e me arrasa,

Deixo passar muitas chances,
Perco momentos preciosos
Que nunca mais voltarão.
A busca pode ter acabado,
Mas a sensação de perda
É maior do que tudo.
Começo a perder antes mesmo
De ter ganho o que tanto sonhei,
Pois por mais que o desejo
Me impulsione para adiante.
O medo me faz recuar.
É um eterno querer
E um pra sempre recusar.
É achar que ser feliz
Nunca será para mim.
É como um sina maldita,
A de eternamente chorar.

by Moni/2005.

sexta-feira, 25 de fevereiro de 2011

Mudança


Sente-se em outra cadeira, no outro lado da mesa. Mais tarde, mude de mesa.
Quando sair, procure andar pelo outro lado da rua. Depois, mude de caminho, ande por outras ruas, calmamente, observando com atenção os lugares por onde você passa.
Tome outros ônibus.
Mude por uns tempos o estilo das roupas. Dê os seus sapatos velhos. Procure andar descalço alguns dias. Tire uma tarde inteira para passear livremente na praia, ou no parque, e ouvir o canto dos passarinhos.
Veja o mundo de outras perspectivas.
Abra e feche as gavetas e portas com a mão esquerda. Durma no outro lado da cama... Depois, procure dormir em outras camas. Assista a outros programas de tv, compre outros jornais... leia outros livros.
Viva outros romances.
Não faça do hábito um estilo de vida. Ame a novidade. Durma mais tarde. Durma mais cedo.
Aprenda uma palavra nova por dia numa outra língua.
Corrija a postura.
Coma um pouco menos, escolha comidas diferentes, novos temperos, novas cores, novas delícias.
Tente o novo todo dia. O novo lado, o novo método, o novo sabor, o novo jeito, o novo prazer, o novo amor.
A nova vida. Tente. Busque novos amigos. Tente novos amores. Faça novas relações.
Almoce em outros locais, vá a outros restaurantes, tome outro tipo de bebida, compre pão em outra padaria.
Almoce mais cedo, jante mais tarde ou vice-versa.
Escolha outro mercado... outra marca de sabonete, outro creme dental... Tome banho em novos horários.
Use canetas de outras cores. Vá passear em outros lugares.
Ame muito, cada vez mais, de modos diferentes.
Troque de bolsa, de carteira, de malas, troque de carro, compre novos óculos, escreva outras poesias.
Jogue os velhos relógios, quebre delicadamente esses horrorosos despertadores.
Abra conta em outro banco. Vá a outros cinemas, outros cabeleireiros, outros teatros, visite novos museus.
Mude.
Lembre-se de que a Vida é uma só. E pense seriamente em arrumar um outro emprego, uma nova ocupação, um trabalho mais light, mais prazeroso, mais digno, mais humano.
Se você não encontrar razões para ser livre, invente-as. Seja criativo.
E aproveite para fazer uma viagem despretensiosa, longa, se possível sem destino. Experimente coisas novas. Troque novamente. Mude, de novo. Experimente outra vez.
Você certamente conhecerá coisas melhores e coisas piores do que as já conhecidas, mas não é isso o que importa.
O mais importante é a mudança, o movimento, o dinamismo, a energia. Só o que está morto não muda !
Repito por pura alegria de viver: a salvação é pelo risco, sem o qual a vida não
vale a pena!
( Clarice Lispector)

quarta-feira, 23 de fevereiro de 2011

tristeza


“Tristeza é quando chove
quando está calor demais
quando o corpo dói
e os olhos pesam
tristeza é quando se dorme pouco
quando a voz sai fraca
quando as palavras cessam
e o corpo desobedece
tristeza é quando não se acha graça
quando não se sente fome
quando qualquer bobagem
nos faz chorar
tristeza é quando parece
que não vai acabar”

Martha Medeiros

sábado, 19 de fevereiro de 2011

O Conhecimento.


O primeiro buraco negro diz respeito ao conhecimento. Naturalmente, o ensino
fornece conhecimento, fornece saberes. Porém, apesar de sua fundamental importância,
nunca se ensina o que é, de fato, o conhecimento. E sabemos que os maiores problemas
neste caso são o erro e a ilusão.
Ao examinarmos as crenças do passado, concluímos que a maioria contém erros e
ilusões. Mesmo quando pensamos em vinte anos atrás, podemos constatar como erramos e
nos iludimos sobre o mundo e a realidade. E por que isso é tão importante? Porque o
conhecimento nunca é um reflexo ou espelho da realidade. O conhecimento é sempre uma
tradução, seguida de uma reconstrução. Mesmo no fenômeno da percepção, através do qual
os olhos recebem estímulos luminosos que são transformados, decodificados, transportados
a um outro código, que transita pelo nervo ótico, atravessa várias partes do cérebro para,
enfim, transformar aquela informação primeira em percepção. A partir deste exemplo,
podemos concluir que a percepção é uma reconstrução.
Tomemos um outro exemplo de percepção constante: a imagem do ponto de vista
da retina. As pessoas que estão próximas parecem muito maiores do que aquelas que estão
mais distantes, pois à distância, o cérebro não realiza o registro e termina por atribuir uma
dimensão idêntica para todas as pessoas. Assim como os raios ultravioletas e 2
infravermelhos que nós não vemos, mas sabemos que estão aí e nos impõem uma visão
segundo as suas incidências. Portanto, temos percepções, ou seja, reconstruções, traduções
da realidade. E toda tradução comporta o risco de erro. Como dizem os italianos
“tradotore/traditore”.
Também sabemos que não há nenhuma diferença intrínseca entre uma percepção e
uma alucinação. Por exemplo: se tenho uma alucinação e vejo Napoleão ou Júlio César,
não há nada que me diga que estou enganado, exceto o fato de saber que eles estão mortos.
São os outros que vão me dizer se o que vejo é verdade ou não. Quero dizer com isso que
estamos sempre ameaçados pela alucinação. Até nos processos de leitura isto acontece.
Nós sabemos que não seguimos a linha do que está escrito, pois, às vezes, nossos olhos
saltam de uma palavra para outra e reconstrói o conjunto de uma maneira quase
alucinatória. Neste momento, é o nosso espírito que colabora com o que nós lemos. E não
reconhecemos os erros porque deslizamos neles. O mesmo acontece, por exemplo, quando
há um acidente de carro. As versões e as visões do acidente são completamente diferentes,
principalmente pela emoção e pelo fato das pessoas estarem em ângulos diferentes.
No plano histórico há erros, se me permitem o jogo de palavras, histéricos.
Tomemos um exemplo um pouco distante de nós: os debates sobre a Primeira Guerra
Mundial. Uma época em que a França e a Alemanha tinham partidos socialistas fortes,
potentes e muito pacifistas, e que, evidentemente, eram contrários à guerra que se
anunciava. Mas, a partir do momento em que se desencadeou a guerra, os dois partidos se
lançaram, massivamente a uma campanha de propaganda, cada um imputando ao outro os
atos mais ignóbeis. Isto durou até o fim da guerra. Hoje, podemos constatar com os eventos
trágicos do Oriente Médio a mesma maneira de tratar a informação. Cada um prefere
camuflar a parte que lhe é desvantajosa para colocar em relevo a parte criminosa do outro.
Este problema se apresenta de uma maneira perceptível e muito evidente, porque as
traduções e as reconstruções são também um risco de erro e muitas vezes o maior erro é
pensar que a idéia é a realidade. E tomar a idéia como algo real é confundir o mapa com o
terreno.
Outras causas de erro são as diferenças culturais, sociais e de origem. Cada um
pensa que suas idéias são as mais evidentes e esse pensamento leva a idéias normativas.
Aquelas que não estão dentro desta norma, que não são consideradas normais, são julgadas 3
como um desvio patológico e são taxadas como ridículas. Isso não ocorre somente no
domínio das grandes religiões ou das ideologias políticas, mas também das ciências.
Quando Watson e Crick decodificaram a estrutura do código genético, o DNA (ácido
desoxirribonucléico), surpreenderam e escandalizaram a maioria dos biólogos, que jamais
imaginavam que isto poderia ser transcrito em moléculas químicas. Foi preciso muito
tempo para que essas idéias pudessem ser aceitas.
Na realidade, as idéias adquirem consistência como os deuses nas religiões. É algo
que nos envolve e nos domina a ponto de nos levar a matar ou morrer. Lenin dizia: “Os
fatos são teimosos, mas, na realidade, as idéias são ainda mais teimosas do que os fatos e
resistem aos fatos durante muito tempo”. Portanto, o problema do conhecimento não deve
ser um problema restrito aos filósofos. É um problema de todos e cada um deve levá-lo em
conta desde muito cedo e explorar as possibilidades de erro para ter condições de ver a
realidade, porque não existe receita milagrosa.
(Edgar Morin)

quinta-feira, 17 de fevereiro de 2011

A Felicidade


A FELICIDADE não depende do que acontece ao nosso redor,se não do que acontece dentro de nos mesmos.
A FELICIDADE se mede pelo espírito com que enfrentamos as dificuldades da vida.
A FELICIDADE é um assunto de valentia, é muito mais fácil sentir-se deprimido e desesperado.A FELICIDADE é um estado de animo, não somos felizes ate que decidamos sê-lo.
A FELICIDADE não consiste em fazer sempre o que queremos, senão a querer tudo o que fizemos.
A FELICIDADE nasce de colocar nosso coração no trabalho...E de fazê-lo com alegria e entusiasmo.
A FELICIDADE não tem receitas...cada um cozinha com o tempero de sua própria preferência...
A FELICIDADE não é uma pousada no caminho...senão uma forma de caminhar durante a VIDA!!!

sábado, 12 de fevereiro de 2011


A Eterna Busca(Mario Quintana)
"Aprenda a gostar de você, a cuidar de você e, principalmente, a gostar de quem também gosta de você... A idade vai chegando e, com o passar do tempo, nossas prioridades na vida vão mudando... A vida profissional, a monografia de final de curso, as contas a pagar.
Mas uma coisa parece estar sempre presente... A busca pela felicidade com o amor da sua vida.
Desde pequenas ficamos nos perguntando "quando será que vai chegar?" e a cada nova paquera, vez ou outra nos pegamos na dúvida "será que é ele?".
Como diz o meu pai: "nessa idade tudo é definitivo", pelo menos a gente achava que era. Cada namorado era o novo homem da sua vida.
Faziam planos, escolhiam o nome dos filhos, o lugar da lua-de-mel e, de repente... PLAFT! Como num passe de mágica ele desaparecia, fazendo criar mais expectativas a respeito "do próximo".
Você percebe que cair na guerra quando se termina um namoro é muito natural, mas que já não dura mais de três meses. Agora, você procura melhor e começa a ser mais seletiva.
Procura um cara formado, trabalhador, bem resolvido, inteligente, com aquele papo que a deixa sentada no bar o resto da noite.
Você procura por alguém que cuide de você quando está doente, que não reclame em trocar aquele churrasco dos amigos pelo aniversário da sua avó, que jogue "imagem e ação" e se divirta como uma criança, que sorria de felicidade quando te olha, mesmo quando está de short, camiseta e chinelo.
A liberdade, ficar sem compromisso, sair sem dar satisfação já não tem o mesmo valor que tinha antes.
A gente inventa um monte de desculpas esfarrapadas mas continuamos com a procura incessante por uma pessoa legal, que nos complete e vice-versa.
Enquanto tivermos maquiagem e perfume, vamos à luta...e haja dinheiro para manter a presença em todos os eventos da cidade: churrasco, festinhas, boates na quinta-feira. Sem falar na diversidade que vai do Forró ao Beatles.
Mas o melhor dessa parte é se divertir com as amigas, rir até doer a barriga, fazer aqueles passinhos bregas de antigamente e curtir o som...olhar para o teto, cantar bem alto aquela música que você adora.
Com o tempo, voce vai percebendo que para ser feliz com uma outra pessoa, você precisa, em primeiro lugar, não precisar dela.
Percebe também que aquele cara que você ama (ou acha que ama), e que não quer nada com você, definitivamente não é o homem da sua vida. Você aprende a gostar de voce, a cuidar de você e, principalmente, a gostar de quem também gosta de você.
O segredo é não correr atrás das borboletas... é cuidar do jardim para que elas venham até você. No final das contas, você vai achar não quem você estava procurando, mas quem estava procurando por você!"

Me

Me
".O amor é quando a gente mora um no outro." - MÁRIO QUINTANA